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Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

4 anos de Terceiro Tempo

27.01.23, Terceiro Tempo

Um simples hobbie criado no dia 27 de janeiro de 2019 (estes últimos 4 anos parecem mais 10 por tudo o que foi acontecendo com a pandemia, guerra, inflação e muitas outras questões) para falar sobre futebol. Principalmente dar a conhecer histórias, jogadores e jogos que alguns desconhecem.

Sendo uma simples distração, obviamente que nem sempre tenho o tempo que gostaria para fazer os trabalhos de pesquisa, analisar fontes e escrever aqui neste meu cantinho. Porém, a vontade está sempre por aqui e, quando possível, tendo sempre dar-vos uma atualização.

Este último ano foi extremamente difícil neste aspecto. Apenas no final do ano consegui escrever alguma coisa. Espero um 2023 mais calmo e que consiga partilhar com vocês mais histórias. Até ao momento, foram publicados alguns artigos: sobre Lucas Pérez e o seu retorno ao clube de coração e uma outra sobre Roberto Martínez, o novo selecionador da seleção portuguesa. E ainda uma publicação sobre o buzz que a transferência de Cristiano Ronaldo gerou nas redes sociais, nomeadamente a nível de gostos na página do Al-Nassr.

Felizmente, fizemos parte durante duas vezes dos destaques nos Blogs Sapos com os temas de homenagem a Pelé e uma publicação acerca de Cristiano Ronaldo. Que valeu um pouco mais de 1600 (!) pessoas diferentes aceder ao blog Terceiro Tempo no dia 5 de janeiro. Incrível.

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É o meu projeto, há 4 anos tive a ideia de criar este projeto que tanto gosto me dá e certamente para o ano estaremos aqui a comemorar os 5. Aproveito também para desejar a todos os leitores um bom 2023 e que os vossos desejos se concretizem.

Obrigado a todos.

O novo treinador da seleção nacional

12.01.23, Terceiro Tempo

Roberto Martinez foi oficializado como o novo selecionador da seleção nacional. Após um Mundial aquém da expectativa e com muitas confusões e controvérsias durante essa altura, o espanhol é agora o novo timoreiro. O principal objetivo é conseguir que uma equipa muito promissora, cheia de talento individual consiga o mesmo nível exibicional na seleção à que apresentam nos seus clubes.

Roberto Martinez assinou um contrato válido até 2026 (@FPF)

O espanhol chega gerado de alguma desconfiança porque, também a Bélgica, não esteve à altura no Mundial (acabou mesmo por ser eliminada na fase-de-grupos) também gerada de muitas controvérsias entre jogadores. Roberto Martinez chegou à Bélgica em 2016 e tinha em mãos a melhor fornada de jogadores que alguma vez os diabos vermelhos tinham formado: Lukaku, Hazard, De Bruyne, Courtois, enfim, muitos jogadores de topo. Chegaram, inclusive, a ser o top 1 no ranking de seleções embora não tivessem conquistado qualquer título.

Roberto Martínez, enquanto jogar, foi mediano. Formado nas escolinhas do Saragoça (onde se estreou pelo clube na primeira divisão) acabou por não ter o rumo que certamente desejaria e desde cedo rumou até ao Reino Unido. Em 1995, aos 22 anos, ingressa no Wigan mas sempre a jogar em divisões secundárias. Acabaria ainda por passar pelo Motherwell (da Escócia), no Swansea (País de Gales) terminando depois a carreira no Chester (de Inglaterra).

Como treinador, mal pendurou as botas como jogador, vestiu o fato e começou a treinar a equipa principal do Swansea City, um clube que havia passdo enquanto jogador. Após três anos muito interessantes no Swansea (uma subida de divisão e a permanência no ano seguinte) tem a oportunidade de treinar, pela primeira vez, uma equipa do principal escalão do futebol inglês e, novamente, uma equipa que conhecia muito bem enquanto jogador: o Wigan. Foram 4 anos ao serviço dos latics, marcados sempre pela luta contra a despromoção. Nas primeiras três temporadas, a manutenção foi conseguida nas últimas jornadas porém na última época ao serviço do Wigan, o clube inglês acabou mesmo por ser despromovido. Foi uma desilusão mas Roberto conquistou então o seu título mais importante da carreira até aos dias de hoje: uma FA Cup (Taça de Inglaterra).

Com o Wigan a descer ao Championship mas com uma taça no 'bolso', Roberto Martinez ruma ao Everton, que será a sua casa durantes os próximos três anos. Nos toffees, a sua vida não poderia ter começado melhor ao terminar num 5º lugar e respetivo apuramento para a Liga Europa. Os dois anos seguintes não foram tão famosos (apenas 11º lugar em ambas as ocasiões) e sem conquistar qualquer troféu.

A Bélgica não conseguiu brilhar no Mundial 2022 (@Reuters)

É em 2016 que se dá a sua ida para a seleção da Bélgica para treinar um dos melhores conjuntos de sempre daquele país. A Bélgica, ao leme de Roberto Martinez, esteve sempre presente nas principais provas ao qualificar-se sempre de forma imaculada. Ao chegar às decisões, faltou um clique aos jogadores para atingirem o patamar que se esperaria deles. A Bélgica chegou mesmo a estar em primeiro lugar do ranking FIFA de seleções devido a um grande seguimento de vitórias que foi tendo nos apuramentos, mas não lidaram bem com o facto de passarem a ser vistos como uma das seleções "favoritas" para a conquista de títulos. Apesar do bom futebol, caraterizado por um futebol muito ofensivo, de verticalidade, entrelinhas, a Bélgica foi desiludindo sempre nas grandes provas e Roberto Martinez acabaria por abandonar a seleção dos red devils após o Mundial de 2022 no Catar.

Chega agora ao comando técnico das quinas com alguma desconfiança à mistura por parte dos portugueses. Com um contrato válido até 2026 (ou seja, terá um Europeu e Mundial por disputar) tem aqui também muita obra-prima para trabalhar, tal como acontecia na seleção belga. O objetivo certamente agora passa por tranquilizar a seleção e fazer com que os jogadores portugueses consigam apresentar um futebol digno na sua qualidade futebolística. E que essa qualidade futebolística nos traga títulos, que é o que todos nos mais ansiamos.

Fenómeno Ronaldo na Arábia Saudita

07.01.23, Terceiro Tempo

A ida de Ronaldo para a Arábia Saudita acaba por marcar o fim do auge de um dos melhores jogadores de sempre. A fantástica forma como se apresentou durante 25 anos ao máximo nível é surreal. Apenas com muito talento e, sobretudo, com muito trabalho e dedicação diária para se conseguir manter tanto tempo no topo. Face à ausência de propostas de clubes europeus, Ronaldo não teria muita escolha que não um país (muito) periférico com capacidade de suportar o seu (elevado) salário.

A felicidade Ronaldo no dia da apresentação no seu novo clube (@GettyImages)

A ida de Cristiano Ronaldo para o Al-Nassr é histórico em vários fatores. O primeiro, marca o fim de uma era gigantesca de Ronaldo de muitos troféus e títulos no contexto do futebol europeu. Segundo, ida para uma liga com um futebol pouco desenvolvido e com a sua ajuda durante estes dois anos, pode dinamizar mais o país em termos futebolísticos e melhoramento das infraestruturas (como sabemos, uma das grandes críticas que Cristiano frisou na entrevista a Piers Morgan, eram as más infraestruturas do clube inglês). Terceiro, o próprio impacto que o português vai criar no país e na respectiva liga. Existem muitos países interessados agora em adquirir os direitos televisivos para transmitirem os jogos, existem imensos jornalistas de várias zonas do globo, a deslocarem-se para Riad de forma acompanharem de perto a nova vida de Cristiano. E todo este buzz gerado em volta do craque português, vencedor de cinco bolas de ouro, é merecido e torna-o único no panorama mundial. Como o próprio disse na sua apresentação «é um contrato único porque eu sou único». Parece-me que não é preciso dizer mais nada.

Para se ter uma ideia clara do popularismo de Cristiano Ronaldo, antes da chegada do craque ao clube árabe, o Al-Nassr tinha cerca de 700 mil seguidores, ao dia que se está a escrever este artigo (7 de janeiro), o Al-Nassr conta com mais de 10 milhões de seguidores. Para se ter uma ideia, tem mais seguidores que as páginas de FC Porto, SL Benfica e Sporting CP juntas (cerca de 6,5 milhões de seguidores).

Existe fãs de outros clubes, nomeadamente do Al Hilal, um dos principais rivais do Al-Nassr, dispostos a comprarem camisolas do clube rival devido a ser um momento histórico para o futebol daquele país. Ainda para mais sabendo que é possível que a Arábia Saudita acabe por sediar o Mundial de 2030 (em luta está também a candidatura  conjunta de Portugal, Espanha e Ucrânia).

Ainda não se sabe ao certo quando será a estreia de Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr, nem se sabe em concreto se terá alguma transmissão televisiva por um país europeu (até ao momento nenhum país transmite jogos desta liga) mas em termos de mediatismo, o país ganhou e vai continuar a ganhar, uma visiblidade que nunca antes teve (e que será difícil repetir num futuro próximo). Agora só compete ao próprio Ronaldo, longe dos holofotes (em termos de pressão mediática, pressão de títulos europeus) continuar a fazer aquilo que ele tão bem sabe: marcar (muitos) golos.

NOTA: No último artigo que realizamos acerca de Cristiano Ronaldo foram muitos os comentários clubísticos a criticar a publicação. A publicação lá está, é uma opinião e está bem explícito o quanto Ronaldo foi importante para o país, para os clubes por onde passou. Aliás, no último parágrafo, existe um agradecimento ao craque por tudo o que nos deu (e vai continuar a dar). É preciso entender que, atualmente, o Ronaldo não é o mesmo jogador, a idade pesa, é natural. Não que esteja a fazer uma má temporada, simplesmente o Ronaldo habituou-nos 'mal' com temporadas em que chegou a ter mais de 50 golos. É preciso saber dar o braço a torcer e deixar espaço para outros brilharem. O seu trabalho pela seleção foi lindo que não deveria ter ficado manchado pelo Mundial no Catar. Temos uma seleção muito promissora que, acredito, vai continuar a honrar os pergaminhos deixados por Cristiano Ronaldo.

Deportivo e Lucas Pérez: que linda história de amor

05.01.23, Terceiro Tempo

Estes últimos dias ficaram marcados por uma bela história entre o jogador Lucas Pérez e o seu clube de coração, o Deportivo. Isto porque Lucas Pérez, natural da Coruña, não ficou indiferente ao ver o seu Depor a jogar a terceira divisão e decidiu, ele mesmo, pagar a sua cláusula de rescisão (cerca de 500 mil euros!) ao Cádiz para se tornar um jogador livre e assim conseguir assinar pelo Deportivo da Coruña. «Não é a terceira divisão, é o Depor», a frase marcante na sua apresentação.

Opera Snapshot_2023-01-05_080317_www.rcdeportivo.eImagem retirada do site oficial do Deportivo de la Coruña

Lucas Pérez nasceu há 34 anos na Coruña. Apesar de não ter qualquer internacionalização pela camisola roja, Pérez foi sempre um avançado que garantia golos e que nunca disse não ao seu Deportivo. Contando com esta, foram já 4 as passagens em tempos diferentes pelo clube. Em 14/15 por empréstimo do PAOK, em 15/16 (jogou oficialmente pelos gregos mas o Deportivo comprou o jogador), em 17/18 (por empréstimo vindo do Arsenal) e agora para finalizar a época de 22/23 abdicando de um salário que auferia no Cádiz bastante superior sendo que também estava a disputar a primeira liga, juntamente com os melhores clubes de Espanha. Abdicou de tudo isso para jogar a terceira divisão espanhola. Não aguentou mais ver o seu Deportivo em divisões bem abaixo do seu real valor e história.

Como Pérez disse e bem na apresentação. Não vai fazer milagres. É mais um jogador listo para ajudar a equipa atingir o principal objetivo esta temporada: a subida de divisão. Atualmente o Deportivo ocupa o quarto lugar mas apenas 4 pontos do primeiro classificado. Pelo que ainda vai mais que a tempo de conseguir ajudar o clube de coração a apurar-se diretamente para a segunda divisão.

Obviamente a ilusão criada é imensa. «Dinheiro não me move, aqui estou em casa» foi também ela uma das frases fortes na apresentação do espanhol. E para se ter ideia do impacto, na apresentação de Lucas Pérez, estiveram mais de 6 mil pessoas no Riazor (estádio do Deportivo) eufóricas com o retorno do filho prodígio. Pagando os 500 mil euros do seu próprio bolso para rescindir com o Cádiz, abdicar da primeira liga, de um salário bastante superior, Lucas Pérez diz que é «pelo Depor». Para um amante do futebol, não existe nada mais belo que isto. Um jogador que mostra uma gratidão imensa pelo clube da sua cidade. Que nunca disse não ao clube. Sempre disposto ajudar. O sonho de Lucas Pérez não era o Real Madrid, era sim jogar no Deportivo. E conseguiu. Em vários momentos da sua carreira. E será também por isso que se emocionou bastante na apresentação. As lágrimas eram de felicidade e ao mesmo tempo de tristeza por ver o Deportivo nesta situação. 

Agora todos estaremos atentos aos desenvolvimentos deste Deportivo. O objetivo saldar as dívidas, e estabilizar o clube na segunda divisão. O mediatismo e pressão à volta de Lucas serão imensos. A aficion estará completamente iludida. E temos a certeza que Lucas Pérez não vai dececionar ninguém.