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Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

Rei Pelé (1940-∞)

29.12.22, Terceiro Tempo

O Rei. Para muitos o melhor jogador de todos os tempos. Segundo o próprio, foram mais de mil golos marcados ao longo da sua carreira (embora a FIFA não os reconheça). Pelé é o rei. A bandeira maior do Brasil. Pelé é eterno. Não existem palavras para descrever a importância de Edson Arantes do Nascimento teve para o evoluir do futebol. Tanto no futebol como para uma figura de marketing (ida para os Estados Unidos da América para promover o futebol local - ao serviço do Cosmos - e participação em diversos filmes - Fuga para a Vitória - com Stallone, o filme mais famoso).

FB_IMG_1672353435129.jpg📷 Imagem retirada das redes sociais da página TNT Sports Brasil.

Obrigado por tudo Rei. Certamente a tua importância no futebol nunca será esquecida. Aproveita e continua com as peladinhas ai em cima ao lado "nosso" King, o português Eusébio.

O inglório declínio de Cristiano Ronaldo

29.12.22, Terceiro Tempo

          Se há jogadores que pensamos que não poderiam ter uma época aquém das expectativas, as primeiras duas pessoas que pensamos logo serão certamente em Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. O madeirense há muito nos habituou a marcar mais de 40 golos por temporada e sempre pensamos que nunca iriamos ver o declínio destes dois jogadores. O que é certo é que desde o início da temporada, em julho, Ronaldo tem vindo a 'colecionar' maus momentos que têm desgatado a sua imagem e, ao mesmo tempo, afetado imenso o seu futebol.

          O Mundial do Catar era o grande objetivo para Cristiano voltar à ribalta depois de uma meia época de pouco fulgor ao serviço do Manchester United. Com poucos golos marcados, algo que certamente não estamos habituados no astro português, Ronaldo chega ao Mundial como desempregado depois de ter protagonizado uma entrevista bombástica onde criticou toda a direção do Manchester United. Só havia um caminho possível depois dessa entrevista: a rescisão do contrato entre o clube inglês e Ronaldo, terminando assim uma ligação de pouco mais de um ano com o emblema de Manchester, onde havia sido o melhor marcador da equipa na temporada anterior.

          Conseguindo o que queria (rescisão do clube de Manchester), Jorge Mendes, seu amigo e empresário, rapidamente apressa-se em contactos para tentar colocar o português num clube que esteja a disputar a Liga dos Campeões e... as portas foram-se fechando com muitos clubes a não terem interesse em contratar o astro português. Devido ao seu elevado estatuto e com uma personalidade difícil de lidar, ainda para mais nesta fase mais avançada da sua carreira. Ronaldo deveria ter dado um passo atrás, não olhar para o salário e optar por uma equipa onde ainda conseguisse ser titular e disputar algum título (aqui por exemplo entram opções como Mónaco, Newcastle ou o próprio Sporting).

         Com o mercado fechado e Ronaldo totalmente focado no Mundial, obviamente não seria partilhada qualquer notícia acerca do futuro do mesmo. Era o derradeiro momento para Ronaldo, aquele Mundial, provavelmente o seu último e, jogando sem qualquer clube, poderia estar ali a oportunidade de se abrir a porta de um clube que estivesse na lista de desejos do português, infelizmente o Mundial, a nível individual, foi péssimo e essas mesmas portas que ele certamente estava à espera que se abrissem, na realidade ficaram ainda mais trancadas.

         O Mundial ainda nem sequer tinha começado e os jogadores da seleção nacional eram bombardeados com as questões de Ronaldo. A própria comunicação social portuguesa fez imensas questões, criou possíveis desavenças (p.e, a de Cristiano com Bruno Fernandes) criando alguma instabilidade no seio da seleção. Mesmo que os jogadores afirmem que não foram afetados, é natural que sim, são humanos e mexe sempre com o emocional de cada um.

         Ainda assim a expectativa esta lá em cima. A seleção portuguesa possuí um conjunto de bons jogadores mas que em equipa tardam em demonstrar todo o potencial que deveriam (falando apenas no quesito exibicional). Ronaldo é titular no primeiro jogo da seleção no Mundial diante do Catar e, mesmo com uma exibição fraca do conjunto das quinas, Portugal consegue vencer o Gana com Ronaldo a fazer um dos golos da vitória. A vitória deu um novo alento ao país e a Cristiano.

         Os jogos seguintes não continuaram na mesma senda para Ronaldo que acabou por se ver envolvido em nova polémica no jogo diante da Coreia do Sul (com as imagens a captarem a frase: "estás mortinho para me tirar") onde voltou a ficar em branco (também o tinha ficado na segunda jornada, diante do Uruguai). Depois desta polémica, nunca mais voltou a ser titular e as coisas "pioraram" para ele depois de ver Gonçalo Ramos, avançado do Benfica, a fazer um hattrick na primeira vez que é titular na equipa das quinas. Gonçalo "agarrou" o lugar e "mandou" Ronaldo para segundo plano na equipa.

         Antes do jogo de Marrocos, a imprensa voltou "ao ataque". Desta feita que Ronaldo já teria acordado uma transferência para o Al Nassar, numa transferência avaliada em muitos milhões de euros. Depois de nenhum clube europeu se ter chegado à frente, fontes diziam que o destino mais provável do melhor marcador de sempre da seleção nacional seria a Arábia Saudita.

         Contra Marrocos, era difícil deixar o pistolero de fora do onze inicial. O jogo não correu bem a Gonçalo (nem a Portugal) e Ronaldo, quando entrou, também não conseguiu fazer o que tão bem nos habituou: a diferença. Teve oportunidades, tentou levar a equipa para a frente, mas Portugal via-se novamente eliminado do Mundial com o sabor que poderíamos ter chegado bem mais longe.

         Durante todo o Mundial, mais polémicas. Nomeadamente a envolver a família do jogador. As irmãs acérrimas a defender o jogador e a sua namorada, Georgina, a criticar publicamente o treinador da seleção nacional Fernando Santos. Ronaldo não precisava disto. Ronaldo não pode ser "imune" às críticas simplesmente porque "fez muito pelo futebol nacional". As pessoas não têm memória curta e estarão, certamente, eternamenta gratas ao que Ronaldo fez pela seleção, pelos recordes, pelos títulos que alcançou. Essa gratidão existirá sempre. E ao lado da gratidão também vem a crítica. Ronaldo não está no seu melhor momento de forma, longe disso. Aliás, é incrível como aguentou tanto tempo no topo do futebol mundial. Ronaldo não deveria sair da seleção pela porta pequena, a maior figura do nosso desporto. E, segundo a imprensa, a sua ida para um clube de pouca mediatismo é encerrar a sua carreira de forma que ele não merecia. 

         Deixo aqui publicamente o meu agradecimento ao Cristiano Ronaldo por tudo de bom que fez pelo nosso futebol e deixo igualmente a minha crítica a estes últimos 6 meses de Ronaldo. Às vezes é preciso saber bem com as pessoas que nos rodeamos e não serem simplesmente um yes man. Toda a sua gestão das redes sociais (e restante família) nomeadamente na altura do Mundial foi deplorável. Uma vergonha para um jogador tão mediático como Ronaldo.

Muchachos, ahora solo queda festejar

22.12.22, Terceiro Tempo

          Foi escrita uma das mais belas histórias do futebol ao longo destes últimos dois meses de Mundial. Depois de tanta controvérsia gerada antes e durante a alguma do mesmo, o que é certo é que a organização do evento esteve irrepreensível e com Messi, a maior estrela, a conseguir brilhar e a conquistar o maior título da sua carreira. Um título acenta-lhe tão bem, tão merecido e tão desejado por toda uma nação que viajou em peso para o Catar.

Messi a ser levado ao colo pelo seu amigo Kun Aguero

          A Argentina esteve longe dos grandes palcos nos últimos anos. Os argentinos criticavam imenso a seleção o que até levou Lionel Messi a renunciar à seleção (temporariamente). A chegada de Scaloni ao comando técnico da albiceleste foi como um casamento perfeito. Tudo deu certo. Primeiro com a conquista da Copa América, competição que fugia à imenso tempo aos argentinos tornando-se assim o primeiro grande título de Messi e companhia ao serviço do seu país.

         A harmonia entre adeptos e jogadores foi escalando. Os torcedores voltaram a vibrar com a sua seleção e, as boas exibições que vinham protagonizando, tornaram novamente a Argentina uma das potenciais favoritas na entrada para o Mundial que... começou mal. A Argentina perdeu diante da Arábia Saudita, foram alvo de imensos memes ao longo desse dia e já esperando que pudessem mesmo nem sequer passar a fase-de-grupos. Estavam redundamente enganados. 

         Os jogadores fecharam-se mais, os adeptos puxaram mais pela a equipa e, arrisco-me a dizer, que esse jogo, essa derrota, foi o ponto mais importante para a albiceleste tornar-se mais unida com o objetivo de calar os críticos.

         Os jogos foram-se passando, a Argentina foi ganhando com maior ou menor dificuldade, até ao grande jogo da final. A França parte como favorita, até porque era a detentora do título e tinha em Mbappé a grande figura de destaque. A Argentina, para além de Messi, é uma equipa que se faz valer, sobretudo, pelo seu coletivo. Jogadores como Mac Allister, De Paul, Alvarez ou Martinez, não são jogadores extremamente conceituados nos seus clubes/ligas, mas essa ausência de vedetismo na seleção e, com todos a remarem para o mesmo lado, também terá ajudado.

         A vitória da Argentina nem merece contestação. Foram os justos vencedores do maior torneiro de seleções de toda a história com uma final que vai ficar na memória de muita gente, havendo mesmo quem considere que tenha sido a melhor final (e mais emocionante) de toda a história em Mundiais.

         E Messi... já nos faltam as palavras. Aos 35 anos, fecha o mais belo capítulo ao serviço da sua Argentina. Um torneio onde esteve irreprensível, muitas assistências, muitos golos marcados e sobretudo nunca virou a cara à luta. Esteve lá sempre, disponível. Era apenas mais um a lutar. A remar para o mesmo lado e os frutos foram colhidos. Messi é futebol, futebol é Messi. O maior jogador da história. E o facto de Cristiano Ronaldo ter conquistado tantas coisas ao longo da sua carreira (e a competir diretamente em troféus individuais) enaltece ainda mais os feitos de Lionel Messi. Uma delícia. Estes 20 anos de disputas entre os dois foram incríveis e será muito difícil dois jogadores conseguirem repetir este mesmo feito.

Pois bem... Muchachos, ahora solo queda festejar!