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Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

Bravo, Abel Ferreira!

28.11.21, Terceiro Tempo

Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, voltou a conquistar a Taça dos Libertadores! O verdão, como é carinhosamente chamado pela torcida, derrotou o Flamengo por duas bolas a uma, com o golo da vitória a ser marcado no prolongamento por intermédio de Deyverson, jogador que passou pelo campeonato português.

É histórico. Abel Ferreira conquistou por duas vezes seguidas a Libertadores. Antes dele tinha sido Jorge Jesus o feliz contemplado ao serviço do Flamengo. Abel Ferreira mostrou que o seu trabalho e perseverança no sistema tático iriam trazer resultados. Conquistou a maior prova de toda a América por dois anos seguidos. Depois de muitas críticas e de um momento de forma abaixo do esperado, Abel recuperou a equipa e, contra todas as expectativas (as casas de apostas davam clara vantagem ao Flamengo) voltaram a tocar o céu.

Provavelmente será um fechar de um capítulo muito bonito e importante para a carreira de Abel Ferreira. Dois anos muito exaustos mentalmente e, segundo o próprio após o final do encontro, deverá mesmo abandonar o clube brasileiro.

Parabéns Abel!

Abel Ferreira novamente à conquista da Libertadores

20.11.21, Terceiro Tempo

Há muito tempo que se perspetivava quem seriam os finalistas da Libertadores deste ano. De um lado o Flamengo que tem um dos melhores elencos de toda a América do Sul, de outro o Atlético Mineiro que se reforçou com contratações de peso para esta temporada como é o caso do ex-Porto, Hulk. Depois haviam outros clubes aparecer numa segunda linha como é o caso de Boca Juniors, River Plate e Palmeiras. Uma das meias-finais da Libertadores foi Palmeiras x Atlético Mineiro. Apesar do Palmeiras ser campeão em título, a falta de reforços e alguma intermitência nas exibições, levavam aos especialistas a considerarem o Atlético Mineiro como favorito, mas erraram profundamente. Abel Ferreira, depois de um empate a zeros no seu reduto, conseguiu também um empate fora mas desta vez com golos e levou o Palmeiras à sua segunda final consecutiva da Libertadores. 

Abel Ferreira chega à sua final da Libertadores em pouco mais de 8 meses.

          23 de novembro de 2019. Flamengo e River Plate estão na final da Libertadores. O mengão, como é carinhosamente tratado em terras brasileiras, era treinador por Jorge Jesus. Depois de uma partida que o Flamengo esteve sempre atrás do resultado, o Flamengo nos minutos finais do tempo de compensação, numa reviravolta histórica, ganhou a tão desejada Libertadores com Jorge Jesus a ser o primeiro português a conseguir tal êxito.

          Pouco mais de um ano depois, a 30 de janeiro de 2021 foi a vez de Palmeiras e Santos medirem forças na final da prova mais importante da América do Sul. O Palmeiras, treinado pelo ex-treinador do Braga, Abel Ferreira, chegou viu e venceu. O campeonato não foi uma conquista, mas bateu no céu ao ganhar a Libertadores pela segunda vez na história do Palmeiras. Se Jesus tinha feito história sendo o 1º, Abel Ferreira não ficou atrás e na época de estreia no Brasil também conquistou o tão desejado título.

          Agora, a 27 de novembro de 2021, daqui a poucos dias, Palmeiras volta a medir forças na final da Libertadores mas desta vez diante do Flamengo que encontrou uma nova vinda com a chegada de um novo técnico, Renato Gaúcho, proveniente do Grémio de Porto Alegre. Abel Ferreira pode continuar a fazer história, pode destacar-se de Jorge Jesus e tornar-se o treinador português com mais Libertadores. 

         Obviamente não terá tarefa fácil nesta final. O Flamengo é considerado, por grande parte dos adeptos do futebol, como a equipa que tem o plantel mais equilibrado de toda a América do Sul. Bruno Henrique o Gabriel Barbosa, os principais destaques do mengão, são sinónimos de golos, principalmente Bruno Henrique, que atualmente está num dos melhores momentos de forma da sua carreira e tornou-se mesmo o segundo melhor marcador em meias-finais da Libertadores, estando atrás apenas do Rei Pelé.

         É justo dizer que as coisas não estavam a correr suficientemente bem com Rogério Ceni no comando do time, haviam sempre muitas críticas há equipa e mesmo quando ganhavam parecia sempre que faltava ali alguma coisa para o Ceni ser totalmente aceite por parte de toda a imprensa brasileira. O que é certo, e com a mudança de treinador, o Flamengo deu uma grande mexida e voltou a praticar um melhor futebol que aquele que estava a praticar quando era Rogério Ceni o treinador principal. Fazendo com que o Flamengo volte às melhores exibições e que parta como principal favorito a conquistar a Libertadores.

Apesar das críticas, Abel Ferreira segue firme no comando técnico do Palmeiras

         Abel Ferreira também vem sendo criticado há largos meses pelo futebol pouco vistoso da equipa. O que é certo é que chegou à final da Libertadores e ainda está na disputa pelo Brasileirão, apesar disso ser já uma tarefa difícil com Atlético Mineiro e Flamengo melhor colocados para conquistar esse título. Ainda assim, é sempre bom relembrar que o investimento do Palmeiras para esta época não foi muito significativo e já na temporada passada o clube revelava alguma falta de profundidade em alguns setores. Pode ser com a chegada de Matheus Fernandes (ex-Barcelona) e Jorge (ex-Mónaco) ambos a custo zero, possam conseguir subir o nível e trazer uma maior competitiva ao setor de meio-campo e de lateral esquerda.

         O afastamento prematuro das Copa do Brasil e o trajeto muito intermitente no Brasileirão onde matematicamente não é possível ser campeão. Abel Ferreira sabe que a conquista da Libertadores podem dar uma lufada de ar fresco à ele e a toda a equipa. A contestação sobe de tom, imediações do estádio tem sido pintadas com mensagens duras.

         Ainda assim, o Palmeiras conta com jogadores muito interessantes. Gabriel Menino e Patrick de Paula são jogadores com um potencial tremendo e que poderão decidir um jogo de um momento para o outro. Mas, para mim, o jogador mais desta equipa é, sem sombra de dúvidas, Dudu. O craque brasileiro regressou depois de um empréstimo a uma equipa do Qatar e em bom tempo. É um jogador que joga e faz jogar. Qualidade técnica assinalável e estando Dudu em forma e a jogar bem, então o Palmeiras também estará muito próximo de conseguir ganhar os seus jogos.

         Como se diz há muito tempo: as finais não são para se jogar, mas sim para ganhar. A equipa que for mais eficaz, a equipa que for mais cínica durante todo o jogo levantará o tão desejado 'caneco'. Veremos se a sorte volta a bater à porta de Abel Ferreira.

*artigo escrito no dia 25 de outubro. Atualmente, o Flamengo passa por uma fase difícil em termos de exibições e resultados e há quem peça a demissão do seu treinador. O Palmeiras tem melhorado no último mês, principalmente no que diz respeito ao quesito exibicional. A final será mais equilibrada.

Espaço Vídeojogos: European Super League, o jogo que previu a Superliga!

Análise ao jogo lançado em 2001 pela Aqua Pacific

16.11.21, Terceiro Tempo

Bem-vindo a um novo quadro no canal: Espaço Vídeojogos. O futebol sempre teve presente neste universo dos vídeojogos e foi-se sempre aperfeiçoando e até mesmo levou a uma grande competição desde o início do século entre o Pro Evolution Soccer (atualmente eFootball) e o FIFA. Atualmente, FIFA é o jogo mais amplamente usado muito por "culpa" do seu belíssimo modo online que atraiu imensa gente na última década. A Konami, infelizmente, não soube acompanhar a evolução. Porém, hoje não iremos falar de nenhum desses "monstros" mas sim de European Super League que foi lançado em 2001.

O Benfica era a única equipa portuguesa presente no jogo (Foto: thedreamcastjunkyard)

      O mundo ficou de pernas para o ar com a criação da Superliga Europeia por parte dos maiores clubes europeus. Felizmente foi uma ideia que foi rápida a criar e igualmente rápida a cair (apesar de continuarem a existir diversos rumores de reuniões entre Barcelona, Real Madrid e Juventus). Porém, o jogo que vos trago hoje o European Super League, que já tinha previsto há 20 anos atrás esta possível criação, isto porque na parte detrás da capa do jogo aparece a seguinte indicação: "A Superliga Europeia poderá ainda não existir, mas provavelmente existirá no futuro". Parece-nos que não falharam assim por muito. 

Equipas presentes no jogo

     O European Super League contava com as mais diversas equipas europeias dos principais campeonatos europeus, a grande exceção aqui será, muito provavelmente, a inclusão do Gotemburgo, da Suécia. São 16 equipas divididas por 9 países diferentes, com claro destaque para Itália e Alemanha que englobam o maior número de equipas presentes no jogo (3 cada uma). No início do século XXI, a Itália era um portento no que diz respeito ao futebol. Era a liga que toda a gente queria assistir, era ali que estavam equipas muito fortes e competitivas.

     Os clubes presentes no jogo fazem parte de França (Marselha e PSG), Alemanha (Bayer Leverkusen, Bayern Munique e Borussia Dortmund), Inglaterra (Liverpool e Chelsea), Grécia (Olympiakos), Itália (Internazionale, AC Milan e Juventus), Países Baixos (Ajax), Portugal (SL Benfica), Espanha (Barcelona e Real Madrid) e, por fim, Suécia (Gotemburgo, que tinha conquistado 6 campeonatos nacionais na década de 90).

     Face aos concorrentes da altura (como PES ou FIFA), fica claramente atrás deste tipo de jogo no que diz respeito à escolha de equipas, apenas 16 equipas, o que pode ser um grande ponto de desvantagem, mas que é rapidamente quebrado devido lá está, ao título do jogo, apenas se pretendia criar uma liga europeia com as mais várias equipas de diversos países europeus... e isso conseguiram. Ainda assim as 16 equipas estão completamente licenciadas com nomes reais, símbolos, nome dos jogadores corretos, bem como os equipamentos oficiais daquela época.

Modos de jogo

     European Super League apresentava vários modos de jogo, mas que na realidade acabaria por dar tudo praticamente ao mesmo. Para um jogo com tão poucas equipas, parece realmente excessivo tantos modos de jogo incluídos no jogo e que pouco diferem uns dos outros, sinceramente. Os 5 modos de jogo são (que ainda se incluí mais um que é o treino):

  • Jogo Rápido: O jogo, automaticamente, elege as duas equipas que vão jogar sem qualquer interferência do jogador.
  • Amigável: Aqui, um amigável como em todos os outros jogos. Existe a possibilidade de escolher a equipa da casa e a equipa que joga fora.
  • European Super League: O modo de jogo baseado no título. É uma Superliga onde as equipas jogam entre si duas vezes (casa e fora) quem terminar com mais pontos é coroado campeão.
  • Custom Tournament: Possibilidade de criar um torneio com sucessivas brackets e decidir que equipas jogam entre si.
  • Custom League: Exatamente igual ao torneio mas nesta vez num formato de liga.
  • Treino: Possibilidade de treinar. Marcação de bolas paradas (livres, cantos, etc) e aprender a jogar dessa forma e observar quais são as melhores tácticas para pôr em prática nos jogos.

O grande ponto positivo do jogo são as modelações únicas de cada jogador  (Foto: thedreamcastjunkyard)

Jogabilidade

     O jogo saiu para diversas plataformas como Playstation 1, Dreamcast e computador. Foram também criadas versões mais fracas para rodarem no GameBoy Color e Advance. Publicado pela Virgin, o conceito do jogo era engraçado mas a jogabilidade/gameplay é, de facto, o "piorzinho" do jogo. É claro, é a componente mais importante mas o European Super League fica muito aquém neste aspeto principalmente quando comparando com outros jogos do mesmo género que saíram naquela altura.

     É um jogo que se sentem os anos, obviamente evoluiu muito mal, mas na altura era um jogo capaz de entreter e deixar-nos algumas horas para acabar a superliga. O que mais me irritava eram os cartões vermelhos, devia ter uns 2 ou 3 por jogo contra mim. Qual foi a solução? Pois bem, o jogo tinha uma opção que permitia tirar as faltas... assunto resolvido. 

     Não havia possibilidade de fazer fintas, nem o tradicional fake shot (criado pelo Pro Evolution Soccer), tudo se resumia a tentar chegar ao golo através de passes curtos, longos e remates. A própria inteligência artificial, nomeadamente da defesa adversária, também era muito questionável. Mesmo para aquela altura, exigia-se um melhor tratamento nesse aspeto.

     Outro aspeto que nos deixa irritado é não existir qualquer narrador a comentar o jogo. O que ouvimos é apenas o som ambiente (que é muito bem feito, mas curto para toda a experiência do jogo). Certamente não foi por limitações porque a concorrência já tinha há largos anos os seus comentaristas e deixou o jogo muito "despido". Fez muita falta ouvir alguém a comentar os lances que fazíamos ou simplesmente gritar golo.

Rating Final

    É difícil classificar este jogo. Como referido em cima, em termos de grafismo dos estádios, da modelação de cada jogador e dos próprios menus e overlays (muito bonitos) tudo o resto deixa-nos um pouco de pé atrás. E poderemos inumerar algumas: a posição da câmara às vezes era tramada, a jogabilidade em si não era fluída, sem qualquer comentário e poucas (ou nenhumas) fintas e outros atributos que os jogadores poderiam fazer em campo. Por exemplo, era engraçado que o Zidane e o Ronaldo Fenómeno fossem os únicos jogadores a conseguirem fazer a "roleta", de modo a criar algo mais premium em jogadores diferenciados.

Classificação Terceiro Tempo: 5,5/10