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Terceiro Tempo

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." - Nelson Rodrigues

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Ali Dia, a maior farsa do futebol mundial

11.07.20, Terceiro Tempo

Existem jogadores que ganham o estatuto de lenda pelas suas conquistas, como é o caso de Pelé com 3 mundiais, Cristiano Ronaldo ou Messi que disputaram a Bola de Ouro por vários anos seguidos, Eusébio, Maradona, Ronaldo Nazário e poderíamos estar aqui 20 minutos a dizer nomes de jogadores que escreveram os seus nomes para sempre na história do desporto. Existe um jogador que também o fez, mas não dentro de campo, foi fora dele, que cometeu uma das maiores farsas da história e conseguiu jogar na Premier League. Hoje vamos conhecer Ali Dia, a maior farsa do futebol mundial.

Ali Dia

Um dia, George Weah, antigo vencedor da Bola de Ouro, liga para Graeme Souness a dizer para dar uma oportunidade ao seu primo Ali Dia que era muito bom jogador, com apenas 22 anos e que apenas não teve muita sorte em gerir a sua carreira. Teve passagens pelo Paris Saint Germain e era internacional A pela sua seleção, o Senegal. Souness ficou convencido e confirmou a Weah que iria dar uma oportunidade ao seu primo, ia treinar com a equipa principal durante um mês, caso o seu rendimento nos treinos fosse aceitável, ofereciam um contrato profissional para ele.

Na chegada de Ali Dia a Southampton criaram-se várias expectativas para ver a qualidade do jovem senegalês que não conseguiu convencer o técnico inglês nos treinos, fisicamente era forte mas do ponto de vista táctico e técnico era muito debilitado, parecia que nem tinha tido grande escola em termos de futebol. Foi convocado para um jogo de reservas diante do Arsenal para ver o seu desempenho, infelizmente com as condições climatéricas a não serem as mais vantajosas, o jogo acabaria por ser adiado e Ali Dia não teve a oportunidade de impressionar os dirigentes do Southampton.

Para espanto de todos e devido a algumas lesões no plantel, Ali Dia é convocado para um jogo da Premier League. Ocorreu a 23 de novembro de 1996 numa partida diante do Leeds United. Aos 32 minutos do primeiro tempo, Matt Le Tissier lesiona-se e a única opção disponível para o ataque era ele, Ali Dia. Foi uma exibição a roçar a mediocridade, teve apenas uma intervenção: um remate em que obrigou o guarda-redes a espalmar a bola para fora. De resto, a exibição estava a ser tão má que Souness não teve outra alternativa que tirar o jogador na segunda parte.

Obviamente, depois da partida, Souness pega no telemóvel e volta a ligar para George Weah muito irritado a dizer que o seu primo não tinha qualidade nenhuma para jogar futebol. George Weah mostrou-se completamente surpreso com toda aquela história, disse que não foi ele que ligou para Souness contratar o seu primo e ainda foi mais longe: disse que não conhecia Ali Dia, nunca o tinha visto e não tinha qualquer relação familiar com ele! Afinal como é que isto tudo aconteceu?

Começaremos pelo início de tudo, o jogador não se chamava Ali Dia mas sim Aly Dia, uma simples troca numa letra fez com que fosse possível identificar o jogador mais recentemente. Nasceu a 20 de agosto de 1965, pelo que na altura que chega ao Southampton teria à volta de 31 anos e não 22 anos. Nasceu, de facto, no Senegal na cidade Dakar mas emigra muito cedo para França em busca de oportunidades no futebol. Sim, Ali Dia sempre quis ser futebolista e segundo os seus pais, ele realmente teria algum talento.

Os primeiros registos futebolísticos que aparecem do jogador são na temporada de 1986/1989, tinha Dia 23 anos e representava o Beauvais, um clube amador em França. Ali Dia afirma que nas duas temporadas anteriores jogou pelo Paris Saint Germain tendo inclusive conquistado uma Taça de Paris, infelizmente não existem provas que isso tenha realmente acontecido com Ali Dia na equipa, não existe uma única foto que prove isso. Teve ainda passagens pelo Dijon, La Rochelle e Saint-Quentin, todos clubes de menor expressão na altura que andavam pelas divisões mais secundárias do futebol francês.

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Desde 1993 até meados de 1995, não existe qualquer registo que Ali Dia esteve a representar algum clube. Volta ao futebol que tanto adorava, em 1995, e é reforço do FinnPa, um clube sediado na Finlândia, mas só fica lá meia época e assina por outro clube finlândes, o PK-35 Vantaa.

Ainda passa pela Alemanha durante uma temporada ao serviço do Lubeck, da segunda divisão da Alemanha. Como é que um jogador que andou sempre por divisões secundárias e menos mediáticas e sem se destacar nessas divisões consegue chegar à segunda divisão do futebol alemão?

Obviamente não convenceu e no final da temporada estava de partida para Inglaterra para voltar as divisões mais baixas do futebol inglês, o destino seria o Blyth Spartans, situado na área metropolitana de Newcastle. Só existe registo de um jogo. Corria o ano de 1996 e foi neste ano que se deu uma das maiores fraudes que as pessoas têm memória no futebol. Antes de ter feito a mesma partida para o Southampton, tentou, da mesma forma, convencer o Gillingham e Port Vale, mas chumbou nos treinos, para além de que Harry Redknapp recebeu a chamada do Weah mas agradeceu e disse que não. Souness caiu na história e com o mercado de transferências fechado, apenas podia contratar jogador a custo zero e a necessitar urgentemente de um avançado, juntou-se o útil ao agradável.

Mas afinal quem era o "George Weah" que ligou para o antigo técnico do Benfica? Nada mais que um antigo colega de faculdade de Northlumbria, onde estudava Gestão. No meio de voltas e reviravoltas, a trama foi aumentando de tom. Dia não apareceu mais no Southampton, acusando o agente de se ter feito passar por George Weah.

Com apenas um jogo realizado pelo Southampton, o jogador nunca mais volta ao clube e assina logo pelo Gateshead onde participa em 8 jogos marcando por duas vezes. Tinha um salário de 400 libras semanais, o seu "passado" na Premier League permitiu que fizesse um belíssimo contrato de um ano nas divisões secundárias de Inglaterra.

Depois de tirar o curso, com 32 anos, Ali Dia pendura às botas e dedica-se exclusivamente à Gestão. Atualmente, e graças a um trabalho belíssimo de investigação de uma jornalista do Bleach Report, a mesma conseguiu chegar até Ali Dia, algo que ninguém o tinha conseguido fazer até então. Soubesse que continua a viver em Inglaterra, mais concretamente em Londres e que faz viagens constantes até ao Qatar em negócios. Afirma que é um amigo de George Weah até aos dias de hoje e que o conheceu a partir da sua irmã.

O raio que matou uma equipa inteira em 1998

04.07.20, Terceiro Tempo

Em outubro de 1998 na República Democrática do Congo defrontaram-se Bena Tshadi e o Basang num jogo amador. Tudo estava a correr bem, o jogo estaria empatado a uma bola quando um raio atingiu o campo onde jogavam e matou uma equipa inteira e os jogadores da outra equipa saíram completamente ilesos do raio. Incrível, não é?

Na província oriental de Kasai não se falava de outra coisa. Os jogadores do Bena Tshadi morreram todos ao serem atingidos por um raio enquanto os jogadores do Basang saíram ilesos, sem qualquer ferimento associado. Parece algo digno de fake news, mas acredite, não é. Os mortos eram jovens com idades entre 20 e 35 anos. O jornal “L'Avenir”, de Kinshasa noticiou que outras 30 pessoas sofreram queimaduras. Estas outras 30 pessoas eram adeptos que estariam assistir ao jogo. Podia ser um conto místico, mas a verdade é que o jogo estava a ser transmitido em direto pela televisão. Nas imagens disponíveis, de razoável qualidade, não parece haver nada de suspeito. 

Como é conhecido por alguns povos africanos, o que aconteceu naquele campo, foi visto como um ato de bruxaria por parte dos jogadores do Basang,  que acabaram por dividir a opinião popular, já que aquela região é conhecida por misturar práticas ritualísticas e futebol. Obviamente, nunca houve confirmação para tal suspeita ficando apenas na mente dos populares.

Então qual a razão para uma equipa ter sido desvastada e outra sair ilesa? Pois bem, a confirmação ainda não será a oficial, mas segundo algumas fontes da investigação afirmam que o que aconteceu é que os jogadores do Basang, equipa que saiu ilesa, usavam chuteiras com pitões de borracha, enquanto os do Bena Tshadi calçavam chuteiras com pitões de metal.